Com todas as listas de melhores do ano já publicadas e repassadas, eis que, aos 45 do segundo tempo, com 2023 prestes a terminar, trago aqui uma pequena lista das minhas melhores leituras do ano.
Acho que li pouco nestes 12 meses, em comparação a outros anos e com o que ainda almejo… mas, também, tentei não me pressionar quanto a isso e peguei leve comigo mesma, li no meu ritmo e até dei uns intervalos maiores entre um livro e outro, sem me cobrar.
Não tem jeito, prevalece aquela sensação de que jamais dará tempo de ler tudo o que a gente quer. Então, paciência, eu busco sentir qual livro se encaixa melhor no meu momento, qual está me chamando mais, e vou deixando outros pra depois. Se não vai dar pra ler tudo mesmo, melhor ler o que realmente nos interessa.
Eleger um livro como o melhor é mesmo muito subjetivo… cada leitura é uma experiência muito pessoal, que vai depender da vivência de cada um, do repertório prévio, do momento de vida. Li livros muito bem recomendados que não me disseram muita coisa, já outros sei que não são referência pra muita gente, mas me fisgaram de alguma forma.
Dito isso, segue a lista com sete títulos lidos em 2023, e que configuram uma experiência de leitura unicamente pessoal.
1. A Boa Sorte [Rosa Montero]
Comecei o ano lendo este que foi um presente do meu marido pra mim. Eu já havia lido “A louca da casa” da mesma autora, que é um dos nomes centrais da literatura espanhola, e sabia que teria na escrita dela um ponto forte. É um livro leve, ainda que trate também de alguns temas difíceis ao longo do enredo, mas em que prevalece o amor e a esperança.
Sinopse: Um romance com toque de mistério, que inicia com um homem descendo do trem numa cidade pequena e sem qualquer atrativo, que não era pra ser seu destino final. Ninguém sabe quem ele é e o que faz ali. Tendo deixado sua vida bem sucedida para trás, ele tenta recomeçar.
2. Jane Eyre [Charlote Brontë]
Este é um dos grandes clássicos da literatura mundial e precursor dos romances de formação. Comecei a ler sem maiores expectativas e me encantei totalmente pela narrativa. Além de muito bem escrito, é daqueles livros que toca o sentimento, faz a gente mergulhar nas emoções da personagem. Como um bom clássico, traz temas de grande magnitude pra alma humana e inspira virtudes e valores morais. Amei.
Sinopse: Publicado em 1847, a história se passa na Inglaterra da época vitoriana e acompanha a vida de Jane Eyre, da infância à idade adulta. De menina órfã maltratada pela tia à estudante em internato, vemos a formação da jovem até se tornar professora. Depois, mais madura, Jane encontra um grande amor, porém, mistérios e desafios se interpõem para confrontá-la em seus princípios e levá-la a tomar decisões.
3. Longa Pétala de Mar [Isabel Allende]
Isabel Allende é uma das maiores escritoras vivas, e não só de língua espanhola; ela realmente tem o dom da narrativa. Este é um romance épico que me emocionou e suscitou boas reflexões. Ele traz aspectos históricos, políticos e humanos, que ressoam até os dias de hoje, sem jamais abrir mão da literatura de melhor qualidade de que um bom romance ficcional é capaz.
Sinopse: Da Guerra Civil Espanhola à ascensão e queda de Pinochet, o enredo passeia por diversos momentos históricos do século XX. Obrigados a abandonar Barcelona, o jovem médico Víctor Dalmau e a pianista Roser Bruguera viajam a bordo do Winnipeg, navio fretado pelo poeta Pablo Neruda, rumo ao exílio, no Chile – onde precisam reconstruir a sua própria história e vivenciam diversos outros grandes acontecimentos.
4. O Ano do Pensamento Mágico [Joan Didion]
Conhecida como um dos expoentes do novo jornalismo, a escritora e jornalista norte-americana Joan Didion fez sucesso com seus textos de não-ficção. Eu a conheci primeiro pelas referências e por assistir ao documentário sobre sua vida, disponível na Netflix. Escolhi, então, um dos livros mais conhecidos pra começar, e acho que foi uma boa escolha. A escrita é simples, enxuta, comovente. Aqui, ela trata de um tema difícil, o luto, com a naturalidade dos sentimentos e memórias de quem vive um dia após o outro.
Sinopse: Neste livro de memórias, Joan Didion retrata o ano que se segue após a morte do marido dela. A partir do incidente inesperado que a torna viúva em um momento em que a filha também estava internada, ela relembra a história do casal, os momentos juntos, as dores da ausência repentina e as alegrias de uma vida.
5. Eu Sei Porque o Pássaro Canta na Gaiola [Maya Angelou]
Mais um que peguei sem qualquer grande expectativa e totalmente fora da minha lista imediata de interesse. A amiga que me emprestou disse que havia começado a ler, mas não se interessou por continuar. Paguei pra ver e, de repente, me vi presa à história e fascinada pela escrita da autora. Temas como racismo, protagonismo feminino e abusos são abordados sem qualquer tom panfletário; a narrativa é o que sobressai, e é capaz de dizer tudo. Forte e belo.
Sinopse: Esta é uma autobiografia que narra a vida de Marguerite Ann Johnson, nome real de Maya, da infância à juventude, tendo como pano de fundo o contexto histórico da segregação racial nos EUA. Uma trajetória de lutas e superações da garota negra, criada com o irmão pela avó paterna, até se descobrir uma mulher capaz de vencer as próprias batalhas.
6. Caderno Proibido [Alba de Céspedes]
Dizem que Alba é uma das influências de Elena Ferrante e que sua obra é um clássico moderno da literatura italiana. Ouvi falar de seu nome pela primeira vez este ano e, após algumas indicações, resolvi ler. Gostei da narrativa fluida e de ser escrito em formato de diário. É como acessar aquele pedacinho mais escondido da vida de alguém. Ao mesmo tempo, como não temos o ponto de vista dos outros personagens, o que nos resta é apenas uma visão parcial do todo - que não sabemos nem mesmo se é totalmente condizente com a realidade.
Sinopse: O livro narra o cotidiano de Valeria, uma mulher de 43 anos, casada e com dois filhos jovens adultos, no período de alguns meses entre os anos de 1950 e 1951. Chamada de “mamãe” pelo marido, destituída do próprio nome, Valeria passa a escrever às escondidas em um caderno que se torna seu refúgio, o que gera nela algumas transformações.
7. O Infinito em um Junco [Irene Vallejo]
Ao lado e “Jane Eyre”, esta foi realmente uma das melhores leituras do meu ano. Uma obra ousada e muito bem executada que se propõe a contar a história da invenção dos livros no mundo antigo. E a espanhola Irene Vallejo faz isso com maestria. Apesar de ser um livro de não-ficção, recheado de pesquisa histórica, muitas vezes, mais parece um romance que nos leva a mergulhar na vida dos personagens dos mais diversos tempos e lugares que passeiam por essas páginas. Um livro que me encantou do início ao fim.
Sinopse: Um livro para falar dos livros. Esta é a história da evolução deste objeto fascinante que carrega palavras através do tempo e dos lugares. Uma viagem que leva o leitor à biblioteca de Alexandria, à Grécia clássica e ao Império Romano, passando pela origem da escrita e do alfabeto até chegar ao formato atual do livro, que tornou possível sua preservação ao longo dos séculos.
Somente ao terminar de escrever essa lista me dei conta de que todos os livros que escolhi como as minhas melhores leituras do ano foram escritos por mulheres. Não foi proposital. E claro que não seria uma lista menos interessante se os autores fossem homens. Mas é bom notar que, sim, há grandes e incríveis escritoras e vale a pena conhecê-las… essas aí acima são algumas delas.
Que tal me contar o que você também andou lendo? Quais foram os livros de que mais gostou? Vou adorar saber! Basta deixar o seu comentário aqui.
Obrigada por percorrer esta trilha literária comigo. Nos vemos em 2024…
Feliz novo ano e que venham novas e incríveis leituras!
Luisa Sá Lasserre
Sete e sete são catorze, com mais sete, vinte e um - muito melhor ler sete livros que passar o ano sem nenhum... De grão em grão vai se colhendo a plantação. Que venham outros em 2024, para ler com os olhos e o coração :)