Não sei se já comentei isso por aqui, talvez uma ou duas vezes, mas eu escrevo matérias para a revista Vida Simples. Comecei escrevendo um texto para o site, depois outro, depois sugerindo uma pauta para a editora da revista impressa que comprou a ideia. E assim publiquei a primeira de algumas matérias por lá. Isso foi em 2020. E de lá pra cá só aumentou a parceria.
Falo disso porque me peguei pensando em como é bom escrever para um veículo que você gosta de ler, em primeiro lugar. Eu já era leitora de Vida Simples bem antes de sonhar em assinar meu nome naquelas páginas. Em um mar de notícias informativas do qual sempre estive cercada, era um deleite encontrar textos que falavam de emoções, comportamento, espiritualidade, enfim, vida de verdade, fresquinha, aquela que brota todo dia dentro de cada um.
Me lembro de quando eu trabalhava em redação de jornal. Tinha lá o seu charme, quando comecei, ainda início dos anos 2000. Eu adorava aquele ambiente de um monte de gente junta, falando, atendendo ao telefone, pesquisando fontes, cavando pautas… os computadores, a TV ligada, a sala do cafezinho para onde sempre íamos quando queríamos dar um tempo e trocar umas ideias.
Mas, tirando algumas contribuições mais breves no caderno de cultura, no suplemento juvenil e um período escrevendo para o site de cinema, passei a maior parte dos anos no que a gente chama de hardnews, na tal editoria de cidade. Ou seja, eram matérias mais “duras” mesmo, o factual do dia, de buraco na pista a greve de professores, de incêndio à última visita de Dorival Caymmi a Salvador - sim, vez ou outra, a gente ganhava o dia com uma pauta dessa.
Eu sonhava com uma escrita mais livre, em que pudesse me expressar melhor, usar a criatividade, falar de coisas que faziam sentido pra mim. Eu sei que a greve de professores é importante de noticiar, mas eu gosto mesmo é de escrever sobre olhar as belezas, superar as dores, descobrir um jeito novo de pisar no chão da vida.
E mais ainda: eu gosto de criar uma narrativa, de contar uma história, de usar as palavras para construir imagens. No jornal havia pouco espaço pra isso. Na maioria dos casos, tinha que ter um lide (o que, quando, onde, como, por que) objetivo, um desenvolvimento restrito. Sem molho. Só o arroz com feijão mais básico.
Até hoje me lembro de um texto que fiz como complemento a uma matéria sobre linhas de ônibus. Me deram um espaço pequeno e a incumbência de pegar o transporte público de um bairro a outro. Pela primeira vez, arrisquei colocar um ‘eu’ naquela página acizentada do jornal. Escrevi todo o texto em primeira pessoa, contando a experiência vivida durante o trajeto.
Após a publicação, uma editora veio até mim para dizer que havia gostado de como narrei tudo em um tom mais pessoal. Era uma exceção no menu. E eu continuava sonhando que podia ser o prato feito de todo dia.
Hoje quando publico em Vida Simples ou aqui nesta newsletter, encontro o prazer de escrever de um jeito próprio, de inserir pitadas de literatura no meio da narrativa, de expressar um pouco de mim nos meus textos. E mais ainda, como eu disse: o prazer de escrever no mesmo lugar onde também encontro boas leituras.
Ou seja, se você gosta de escrever, posso lhe dizer isto: onde você tem satisfação como leitor pode ser justamente onde você tem chances de se encontrar como escritor. Já pensou nisso?!
Neste mês, estou com uma matéria na edição de outubro de Vida Simples sobre a geração hiperconectada e como oferecer um mundo fora das telas para crianças e adolescentes. A próxima será a capa de dezembro, aguarde.
Ah… E ainda tem mais duas pautas engatilhadas para as edições de janeiro e fevereiro.
Se você quer ler a revista, consegue comprar a edição avulsa aqui (isso não é publi, mas quem me dera rs).
Obrigada por me acompanhar nesta Trilha de hoje! Se você tem alguma vontadezinha de escrever guardada aí por dentro ou já escreve, me conta aqui! E deixa uma curtida, que isso já me alegra.
Abraços literários,
Luisa Sá Lasserre
Que demais, Luisa! Adorei saber e é mesmo uma ótima dica!
Que texto gostoso de ler!