Há quatro anos, eu escrevo e publico crônicas regularmente em um jornal baiano. São quatro anos pensando o que escrever enquanto tomo banho, dirijo ou lavo os pratos. Quatro anos tentando extrair assunto da mais completa banalidade, da frase impressa na embalagem de parmesão, de uma foto na rede social, dos fios brancos que se espalham pelo meu cabelo. Pode ser qualquer coisa que, jogada no liquidificador do texto, resulte em um suco de pensamentos aleatórios e reflexivos sobre a vida.
O escritor, cronista principalmente, não é aquele que vive situações extraordinárias, tem uma imaginação além do normal ou uma intelectualidade acima da média. Qualquer pessoa que não escreve vive as mesmas coisas, quem sabe até situações mais interessantes que as minhas. A diferença é que não bota em palavras… ou, no máximo, as põe numa conversa entre amigos e fica por isso mesmo. Não dá em nada.
As crônicas que escrevo também não dão em nada. Mas tenho essa mania insistente de querer escrever mesmo assim. E, quando você cria um compromisso de publicação, acontece de muitas vezes jurar não ter absolutamente nada para escrever. Você tem certeza de que, sim, desta vez é o fim, sua carreira está acabada, jamais sairá uma linha dos seus dedos que se recusam a bater o teclado.
Eis que, veja só, uma palavra vai saindo aqui, outra acolá, e o texto brota do asfalto feito grama rompendo concreto. É aí que a gente volta a acreditar que é possível, renova a fé na escrita e continua a saga de alinhar frases em uma ordem que faça sentido. Quando vê, está novamente enredada pela palavra.
Como se não bastassem as crônicas na imprensa, achei de escrever esses textos por aqui também. Aos pouquinhos, o número de leitores tá crescendo, é o que me dizem os dados desta Trilha da Palavra. Se você aí do outro lado realmente abre e lê meus textos, aí já são outros quinhentos. Só sei disso quando vejo uma curtida, um comentário ou analiso a porcentagem da taxa de abertura da newsletter (que coisa mais impessoal e sem garantia, não é mesmo?!).
No jornal também escrevo sem saber quem estará do outro lado, quem me lê, se é que lê… mas, vez ou outra, recebo o comentário de um leitor elogiando a crônica. Uau, ainda há leitores reais no jornalismo impresso! Fico feliz por saber que há pelo menos um alguém a quem minhas palavras são capazes de dizer alguma coisa, de tocar de alguma forma.
É como se a gente escrevesse no escuro e a luz acendesse no outro. Texto ganha vida quando aceso.
E uma das formas mais bonitas de acender texto no outro é quando superamos a fronteira móvel do jornal ou da internet e levamos as palavras para morar num livro. Pois bem, é o que eu estou prestes a fazer com as minhas.
Isso mesmo! Notícia em primeira mão: uma seleção das minhas crônicas está em edição e, em breve, teremos um lançamento! Este será meu livro de estreia e se chamará “Pensei, mas não disse”. Vai sair pela Patuá, uma editora de São Paulo que gostou do que escrevo e topou publicar.
Se continuar escrevendo é um voto de fé na escrita, lançar um livro é o ápice dessa fé… da crença e da esperança de que há sempre alguém aí do outro lado pra acender as palavras que o outro escreveu.
Assim que houver mais notícias do livro, trago aqui pra vocês, combinado?!
Muito obrigada por me acompanhar nesta Trilha de hoje.
E se você se sentir à vontade para mostrar que é um dos leitores desta news, vou adorar saber. Você pode curtir esta postagem, deixar um comentário ou responder ao e-mail, caso esteja acessando pela sua caixa de entrada.
Abraços literários e até a próxima Trilha!
Luisa Sá Lasserre
Agora com uma bebê de 15 dias no colo, tenho procurado ler mais, mesmo que seja pelo celular, objeto que pretendo aos poucos deixar de lado com mais frenquencia. Tenho lido teus textos sempre que consigo ver no e-mail, mas de forma silenciosa. fiquei super feliz e animada com essa notícia do livro. Já vou querer adquirir! Com teu incentivo de dar like e fazer um comentário, estou aqui atendendo o pedido.
Uau! Parabéns, Luisa! ❤️